Em uma sessão de mentoria, o mentee relatou que queria demitir um funcionário que, além de não ter um bom desempenho, atrapalhava o time com um comportamento desagregador.
Quando perguntei por que a pessoa foi contratada, ele disse: “Desde o início, senti que não deveria contratá-lo. Algo me dizia que não daria certo – o ‘Santo não bateu’. Mesmo assim, com
a vaga aberta há meses, decidi seguir com o processo”.
Será que o resultado teria sido outro, se esse mentee tivesse ouvido sua intuição?
Associar a intuição a um tema místico (“o Santo não bateu”) é um dos motivos que nos fazem desperdiçar essa manifestação de uma das formas de inteligência humana.
O que é intuição?
Segundo a filósofa Helena Blavatsky, a intuição é uma forma direta, clara e imediata de conhecimento, que não precisa passar pelo crivo da razão, da lógica. Ela pertence ao grupo de inteligência do nível espiritual. Para a psicologia, a intuição é um processo pelo qual os humanos passam, mesmo que involuntária e inconscientemente, para chegar à conclusão sobre algo.
Já para a ciência, o assunto é controverso. Há alguns anos, pesquisadores realizaram testes nos quais mostravam aos participantes imagens aleatórias, enquanto monitoravam as reações de seu corpo, como batimentos cardíacos, pressão arterial etc. Alguns segundos antes de imagens negativas serem projetadas, as pessoas apresentavam alterações no comportamento corporal. Tais mudanças ocorriam apenas antes das imagens ruins aparecerem, como uma premonição de que algo mau estava para acontecer.
Para os cientistas, o mais provável é que o cérebro dos participantes tenha encontrado um padrão de tempo na exposição das imagens e, assim, eles antecipavam o que iria aparecer.
A intuição, portanto, não se trata de algo paranormal. Mas, sim, de um mecanismo natural que ainda pouco conhecemos.
Como vem a intuição?
Se a intuição é capaz de gerar resultados eficazes, onde ela habita e como fazer para acessá-la?
A intuição nasce de uma inteligência presente no corpo todo. É uma forma de manifestação do conhecimento humano. Dessa forma, seu significado pode ser como o “GPS da alma” – no sentido laico, filosófico. Tweet
Ela não usa palavras para se comunicar. A intuição funciona como um sussurro no ar que nosso ser interpreta, traduz e informa, transformando a decisão em algo imediato e certeiro.
Para acessá-la, precisamos nutrir nosso conhecimento exercendo as nossas virtudes. Fazemos isso por meio de ações diárias que levam à evolução e que nos permitem sair do aspecto material, indo até o metafísico.
O problema é que, ao supervalorizar a inteligência cognitiva há décadas e a emocional, mais recentemente, deixamos de prestar atenção ao que acontece no mais profundo de nós mesmos.
Sabemos que essa forma de inteligência existe. Justamente por desconhecer como ela funciona, nosso saber fica desconfiado. Sentimos, mas preferimos não acreditar.
A alma sempre sabe o que fazer. Mas se a mente não for silenciada, é difícil evocar a intuição. Para ativar a intuição, procure a sensibilidade das coisas sutis. Preste atenção aos sinais, às sensações, a você mesmo.
Aprendemos a confiar mais na intuição à medida que a autoestima e o autoconhecimento nos permitem separá-la de nossos medos e desejos. Ao sentir essa confiança interna, nos alinhamos com decisões de que precisamos para nos conectar com uma parte superior do nosso ser.
A intuição é nosso guia. Em última instância, ela economiza tempo porque indica claramente o caminho a ser percorrido e a decisão a ser tomada.
Logo, desperdiçar a intuição é contra-produtivo.
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